A Justiça do estado do Mato Grosso condenou Edgar Ricardo de Oliveira de 32 anos, a 136 anos de prisão pela morte de sete pessoas, incluindo três maranhenses, em um bar na cidade de Sinop (MT). Ele também foi condenado a indenizar as famílias das vítimas no valor de R$ 200 mil, dividido igualmente. O comparsa, Ezequias Souza Ribeiro, morreu durante confronto policial na época da chacina, ocorrida em fevereiro de 2023.
Durante a leitura da sentença, a juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, da 1ª Vara Criminal da Comarca, mencionou as qualificadoras homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel que resultou perigo comum e recurso que dificultou defesa das vítimas por seis vezes, furto e roubo majorado com uso de arma de fogo como agravante. De acordo com o Ministério Publico do MT, uma das alegações de Edgar foi de que a motivação do crime seria a “chacota” que sofreu após perder a aposta de um jogo de sinuca no valor de R$ 4 mil, que ele fez com uma das vítimas, Elizeu Santos da Silva. Entretanto, as imagens, que possuem áudio, mostram que isso não aconteceu. A defesa de Edgar vai recorrer da condenação.
As vítimas maranhenses foram identificadas como Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, sua filha Larissa de Almeida Frazão, de 12 anos, ambos naturais de Governador Nunes Freire, e o dono do bar, Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, nascido em Bacabal. As outras foram identificadas como Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos; Elizeu Santos da Silva, de 47 anos; Josué Ramos Tenório, de 48 anos; Adriano Balbinote, de 46 anos;
DEPOIMENTOS
A primeira pessoa a prestar depoimento foi a mãe e esposa das vítimas Larissa Frasão de Almeida, de 12 anos, e Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, que narrou a sequência dos fatos, no dia do crime. Ao relembrar o caso, a testemunha afirmou que pensava que também iria morrer e que imaginou, no calor do momento, que Larissa tinha se salvado, já que, durante o tiroteio, ela conseguiu correr do bar, mas morreu após ser atingida por um tiro nas costas.
O investigador da defesa civil, Wilson Candido de Souza, também prestou depoimento sobre as investigações. Ele conta que em 24 anos de profissão, nunca viu tanta frieza em um crime. O investigador também reforçou que o motivo da execução foi “prejuízo material do jogo”. Interrogado pelo defensor na viatura, Edgar informalmente disse que não tinha intenção de matar a menina, o defensor consegue extrair da testemunha de que a menina teria sido atingida por “balins” pequenas esferas do cartucho de calibre 12 que se espalham.
Por outro lado, Edgar alegou que, no dia da chacina, decidiu que iria à chácara levar ração para os peixes, mas ao parar em uma casa agropecuária, não encontrou o produto. No entanto, ele decidiu ir ao jogo com Ezequias Souza Ribeiro, que também participou da chacina. Ezequias morreu um dia depois do crime, durante confronto com a Polícia Militar.
Mas, ao ser questionado se foi ao jogo por causa de dinheiro, ele alegou que era empresário e tocava várias obras ao mesmo tempo, não precisando do dinheiro oriundo de disputas. Durante o depoimento, ele argumentou que não é verdade a informação de que ele e Ezequias saíram matando as vítimas sem precedentes, declarando que “não é assim, ninguém morre de graça”.
RELEMBRE O CASO
Um vídeo registrado por um câmera de segurança do bar mostra o momento em que Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma adolescente de 12 anos após um jogo de sinuca. De acordo com a Polícia Militar, os autores do crime perderam a partida, foram buscar mais dinheiro, voltaram ao bar e perderam novamente. Em seguida, foram até o carro e pegaram duas armas.
Nas imagens da época do crime, os atiradores pedem para que as algumas das vítimas fiquem de costas, viradas para a parede. Um deles pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e chega atirando. Algumas vítimas tentam correr, mas são atingidas já fora do bar por tiros de espingarda. Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos e fogem em uma caminhonete que estava estacionada em frente do bar.
Quando a polícia chegou ao local, seis das vítimas já estavam mortas. Uma delas ainda estava viva, foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada até o hospital regional, mas não resistiu