A Marinha do Brasil informou, por meio de nota, na tarde de hoje (25), que interditou o uso das balsas confiscadas pela prefeitura de Estreito devido pendências no Certificado de Segurança da Navegação (CSN) e do Cartão de Tripulação de Segurança (CTS). O CSN é um documento que atesta que uma embarcação está em conformidade com as normas da Autoridade Marítima, e o CTS indica o número mínimo de tripulantes de uma embarcação.
As pendências foram constatadas após vistorias nas embarcações. As balsas foram adquiridas para o transporte gratuito de pessoas e veículos após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava o Maranhão e o Tocantins. O município de Estreito confiscou duas balsas por meio de um decreto, assinado ontem (24).
A Marinha informou que reconhece a urgência da disponibilização do serviço de transporte de passageiros para a população da região afetada, mas ressalta que o transporte só pode ser feito com as devidas normas de segurança.
O Mais Maranhão encaminhou um pedido de nota para a Prefeitura de Estreito perguntando como vai ficar a travessia após a interdição da Marinha.
Confira a nota completa da Marinha do Brasil
A Marinha do Brasil (MB) informa que tomou conhecimento sobre um decreto expedido pela Prefeitura Municipal de Estreito-MA, cujo propósito é a requisição administrativa de embarcações da empresa PIPES Empreendimentos LTDA, para a realização de travessia de passageiros, no rio Tocantins, entre os municípios de Estreito-MA e Aguiarnópolis-TO.
Sobre as referidas embarcações, a Marinha do Brasil informa que realizou, no dia 03 de janeiro, vistorias preliminares com a finalidade de se antecipar às futuras demandas de autorização para operação. A vistoria constatou que as embarcações apresentam pendências quanto à emissão do Certificado de Segurança da Navegação (CSN) e do Cartão de Tripulação de Segurança (CTS).
O CSN é um documento que atesta que uma embarcação está em conformidade com as normas da Autoridade Marítima. É emitido a partir de vistorias em ambientes seco e de flutuação, realizadas por uma entidade certificadora, devidamente cadastrada junto à Autoridade Marítima. As vistorias atestam a garantia da segurança dos tripulantes, passageiros e do meio ambiente.
O CTS é um documento que indica o número mínimo de tripulantes de uma embarcação. Ele é válido por tempo indeterminado, mas deve ser reavaliado caso ocorram alterações que afetem a segurança. A Marinha do Brasil reconhece a urgência da disponibilização do serviço de transporte de passageiros para a população da região afetada, entretanto, ressalta que a prioridade da Autoridade Marítima é a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana nas vias navegáveis.”
Um mês da queda da ponte
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que conecta Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) pela BR-226, completou um mês na última quarta-feira (22). Desde a tragédia, a população local enfrenta prejuízos econômicos significativos e as buscas por três desaparecidos seguem suspensas.
Até o momento, foram resgatados os corpos de 14 vítimas, enquanto Gessimar Ferreira da Costa, 38 anos, Salmon Alves Santos, 65 anos, e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos, seguem desaparecidos. Bombeiros e Marinha suspenderam os mergulhos devido à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito. A retomada das buscas dependerá da redução do nível da água.
A interdição da ponte afetou diretamente a economia das duas cidades. Segundo a Associação Comercial de Estreito, 70% das empresas da região dependiam do transporte rodoviário. Empresários registram prejuízos e há relatos de demissões.
Enquanto a travessia terrestre não é restabelecida, moradores utilizam embarcações menores para cruzar o rio Tocantins. Desde dezembro, promessas de travessia por balsa foram feitas, mas até o momento o serviço não está em funcionamento.
O Ministério dos Transportes anunciou que uma nova ponte será erguida no local, com previsão de entrega em um ano. Enquanto isso, técnicos já iniciaram a perfuração dos pilares da antiga estrutura para futura implosão.
No dia do colapso, 10 veículos, incluindo carretas carregadas de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico, caíram no rio, aumentando o risco de desastre ambiental. Empresas especializadas foram contratadas para remover os materiais químicos do leito do rio.
Veículos que ficaram presos na parte da ponte que não colapsou estão sendo removidos. O DNIT iniciou a retirada dessas unidades e prevê concluir a operação até o fim da semana. Uma liminar da Justiça Federal determinou que um dos carros fosse retirado em até 10 dias.
A queda da ponte está sob investigação da Polícia Federal e de órgãos de fiscalização. No dia 17 de janeiro, o superintendente do DNIT no Tocantins, Renan Bezerra de Melo Pereira, e outros três servidores foram afastados por 60 dias, prazo que pode ser prorrogado.
Em nota, Renan Bezerra afirmou que respeita a decisão e acredita que as investigações comprovarão sua conduta legal e responsável.
A ponte Juscelino Kubitschek, com 533 metros de extensão, foi inaugurada nos anos 1960 e passou por recuperação entre 1998 e 2000. Relatórios de inspeção apontavam problemas estruturais que poderiam comprometer sua segurança.
O vereador Elias Junior (Republicanos) registrou em vídeo o momento do colapso. Nas imagens, é possível ver o asfalto cedendo, um caminhonete atravessando o trecho rachado e um motociclista freando antes da queda.
A tragédia resultou na morte de 14 pessoas. Entre as vítimas estão motoristas de caminhão, crianças, casais e um vereador. Os nomes das vítimas confirmadas incluem:
- Lorena Ribeiro Rodrigues, 25 anos;
- Lorranny Sidrone de Jesus, 11 anos;
- Kécio Francisco Santos Lopes, 42 anos;
- Andreia Maria de Souza, 45 anos;
- Anisio Padilha Soares, 43 anos;
- Silvana dos Santos Rocha Soares, 53 anos;
- Elisangela Santos das Chagas, 50 anos;
- Rosimarina da Silva Carvalho, 48 anos;
- Alison Gomes Carneiro, 57 anos;
- Cássia de Sousa Tavares, 34 anos;
- Cecília Tavares Rodrigues, 3 anos;
- Beroaldo dos Santos, 56 anos;
- Marçonglei Ferreira, 43 anos;
- Alessandra do Socorro Ribeiro, 40 anos.
As buscas pelos três desaparecidos permanecem e a população local aguarda soluções para os problemas econômicos e de mobilidade causados pelo colapso da estrutura.