O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, reconheceu nesta quarta-feira (26) a situação de calamidade pública na cidade de Estreito, no Maranhão, devido ao desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A medida permite que a prefeitura da cidade solicite recursos do Governo Federal para auxiliar nas ações de defesa civil e mitigar os impactos da tragédia.
A queda da ponte, que ocorreu no dia 22 de dezembro de 2024 e ligava Estreito a Aguiarnópolis, no Tocantins, interrompeu o tráfego na BR-226, afetando diretamente a economia local. O colapso da estrutura causou uma queda nas atividades comerciais, demissões e dificuldades no transporte de mercadorias. A situação tem agravado a crise econômica da cidade, com reflexos também no comércio local, que registrou uma queda nas compras e vendas.
Além disso, a tragédia resultou na perda de vidas. Ao todo, 17 pessoas morreram, sendo 14 corpos localizados, enquanto três continuam desaparecidas: um idoso de 65 anos, uma criança de 10 anos e um homem de 38 anos.
Com o reconhecimento da calamidade, a cidade de Estreito agora pode solicitar recursos para ações de defesa civil, como a compra de cestas básicas, água mineral, refeições para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza para residências e itens de higiene pessoal e dormitório. O objetivo é garantir o atendimento das necessidades mais urgentes da população afetada e proporcionar o auxílio necessário aos que trabalham na recuperação da cidade.
A portaria com o reconhecimento da situação de calamidade foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), e o Maranhão conta atualmente com 20 reconhecimentos federais vigentes, sendo 15 por estiagem, dois por colapso de edificações, um por inundações, um por erosão continental/boçorocas e um por chuvas intensas.
Como solicitar recursos
Cidades que têm o reconhecimento federal de situação de emergência ou de estado de calamidade pública podem solicitar recursos ao MIDR por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). A solicitação é feita pelas prefeituras, que encaminham planos de trabalho detalhados. A Defesa Civil Nacional avalia as metas e valores solicitados e, se aprovado, publica uma portaria no DOU com o valor a ser liberado.
Contrução da nova ponte
O Ministro dos Transportes do Brasil, Renan Filho, divulgou imagens da maquete da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre o Maranhão e o Tocantins. Além disso, informou que foi iniciado o processo para a construção da ponte. A obra, que deve ser concluída até o final deste ano, é uma resposta à tragédia que deixou 17 mortos, além de afetar diretamente as comunidades locais e a economia regional. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o ministro Renan Filho mostrou imagens da maquete do novo projeto da ponte e afirmou que o processo de demolição da antiga estrutura e a limpeza da área já estão na fase final. Confira o video do projeto clicando aqui.
A nova ponte será construída por meio de um consórcio no valor de R$ 172 milhões, que foi contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O objetivo é garantir a segurança no tráfego e restabelecer a vitalidade da rota entre os dois estados. Essa obra é fundamental para o desenvolvimento da região, já que a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira é uma das principais vias de acesso para milhares de motoristas e comerciantes que utilizam a BR-226 para o transporte de mercadorias e o deslocamento diário.
A tragédia, que aconteceu no dia 22 de dezembro de 2024, foi causada pelo colapso do vão central da ponte, que cedeu durante a tarde, deixando cair veículos e pessoas que estavam atravessando o rio Tocantins naquele momento. Dentre as vítimas, estavam motoristas de caminhões, passageiros e até crianças, o que resultou em um número devastador de mortes. De acordo com o DNIT, a causa do desabamento será investigada, mas a principal hipótese aponta para falhas estruturais que, com o tempo, comprometeram a segurança da ponte.
A Busca e o Resgate
Desde o trágico evento, equipes de resgaste, incluindo a Marinha do Brasil e o Corpo de Bombeiros, trabalharam intensamente para localizar as vítimas. Até a data de hoje, 14 corpos já foram localizados, mas três pessoas continuam desaparecidas: Salmon Alves Santos, de 65 anos, Felipe Giuvannuci Ribeiro, de 10 anos, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos. As buscas são realizadas com a ajuda de drones, barcos e até mesmo mergulhadores, mas a forte correnteza do rio e as condições adversas têm dificultado o resgate.
A localização dos corpos e a identificação das vítimas continuam sendo uma prioridade para as autoridades, que seguem com a força-tarefa de resgaste. A abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito, uma medida necessária devido ao aumento do nível do reservatório e o regime de chuvas na região, acabou prejudicando ainda mais as operações. A correnteza forte tem arrastado corpos e destroços para áreas mais distantes da queda da ponte, aumentando o desafio para a recuperação das vítimas.
As Consequências para a Região
Além da perda irreparável de vidas, a queda da ponte trouxe consequências econômicas e sociais para a região. A prefeitura de Estreito, declarou situação de emergência, considerando a dificuldade de acessar recursos para atender às inúmeras demandas geradas pelo acidente. Um decreto assinado pelo prefeito Léo Cunha (PL) destacou a necessidade urgente de apoio técnico e financeiro tanto do governo federal quanto estadual. Segundo ele, o município enfrenta uma escassez de recursos e precisa de assistência para lidar com os danos à infraestrutura, prejuízos à agricultura e à pesca.
O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu oficialmente a situação de emergência em Estreito no dia 31 de dezembro, permitindo que o município solicite recursos federais para ações de Defesa Civil e outras necessidades urgentes. A prefeitura também alertou sobre os riscos ambientais decorrentes da queda de cargas perigosas no rio, como o ácido sulfúrico, que poderia ter um impacto devastador na fauna e flora local, além de comprometer o abastecimento de água para a região.