O vão central da ponte sobre o Rio Tocantins, entre Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), foi finalmente ligado nesta quinta-feira (20), marcando um dos avanços mais importantes desde o início da reconstrução da estrutura, destruída após colapsar em dezembro de 2024. O fechamento do vão simboliza não apenas a união física das duas margens, mas também um marco emocional para as famílias das vítimas e para toda a região, que ainda enfrenta as consequências do acidente que matou 14 pessoas e deixou três desaparecidas.
A nova ponte faz parte da BR-226 e recebe investimento de R$ 171,1 milhões do Governo Federal. Com previsão de entrega até o fim de 2025, a obra é considerada essencial para restabelecer a ligação viária entre os estados e reativar o fluxo econômico local. A estrutura terá 630 metros de extensão, 19 metros de largura e um vão livre de 154 metros, o ponto mais crítico e agora concluído da construção.
Segundo o DNIT, a ponte contará com duas faixas de rolamento de 3,6 metros, dois acostamentos de três metros, barreiras de proteção do tipo New Jersey, passeios para pedestres e guarda-corpo. Além disso, receberá um moderno sistema de monitoramento de deformações e vibrações para reforçar a segurança e evitar novos riscos estruturais.
A reconstrução avança em ritmo acelerado. Desde a implosão dos restos da antiga ponte, realizada em 2 de fevereiro com mais de 250 kg de explosivos, mais de 500 profissionais trabalham em dois turnos, praticamente 24 horas por dia. Até setembro, todas as 24 fundações e os 26 pilares já estavam concluídos, assim como as 45 vigas pré-moldadas que compõem a nova Obra de Arte Especial (OAE). Cinco das nove lajes superiores também já foram concretadas.
A estrutura está sendo erguida pelo método de balanço sucessivo, usado em pontes de grandes vãos quando não é possível usar escoramentos convencionais. Cada segmento é adicionado ao anterior, avançando gradualmente a partir dos pilares, processo que permitiu a conclusão do vão central, etapa considerada uma das mais complexas da engenharia.
O colapso da antiga ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira ocorreu em 22 de dezembro de 2024 e durou apenas 15 segundos. O laudo final da Polícia Federal apontou que a deformação do vão central, causada pelo excesso de peso dos veículos que trafegavam no momento, provocou o desabamento. Em menos de um segundo, o vão central caiu completamente.
No acidente, 14 pessoas morreram e três continuam desaparecidas: Salmon Alves Santos, 65 anos; Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos; e Gessimar Ferreira da Costa, 38 anos. A PF utilizou drones, scanners a laser e modelagem 3D durante mais de sete meses para reconstituir o colapso e identificar as causas.
Veículos envolvidos transportavam defensivos agrícolas e ácido sulfúrico, e o processo de retirada desses materiais do rio ainda não foi totalmente concluído.
Para moradores, autoridades e caminhoneiros que dependem do trajeto, o fechamento do vão central representa um passo significativo rumo à recuperação da ligação entre Maranhão e Tocantins. A expectativa é que, com o avanço da obra e a instalação de sistemas modernos de segurança, a nova ponte garanta mais estabilidade, controle estrutural e tranquilidade aos usuários.











