O período junino celebra a cultura sertaneja nordestina por meio da dança e de espetáculos. As manifestações culturais evocam beleza e, na mesma medida, saúdam os tons contemporâneos e tradicionais da cultura maranhense passada de geração para geração.
As tradições juninas acolhem uma diversidade de danças folclóricas, entre elas o Cacuriá, Quadrilha e Bumba Meu Boi que compõem algumas das principais expressões de dança popular no estado, que são apresentadas no período junino.
E em diversas cidades do estado estão acontecendo apresentações dessas danças. Conheça um pouco sobre a história de cada uma delas.
Cacuriá
A dança do Cacuriá, que nasceu como uma parte profana da festa do divino Espírito Santo, é uma manifestação tradicional de origem maranhense. É conhecida pela sua coreografia e movimentos sensuais com músicas de duplo sentido que misturam as melodias religiosas e as “mundanas”. Os integrantes dançam em duplas, com movimentos cheios de sensualidade coreografados em uma roda, o cordão. Os pares dançam com passos marcados, muito rebolado do quadril, improviso e interação com o público.
Cada passo da dupla transmite a manifestação da cultura, crenças e costumes do povo por meio do requebrado do corpo. Assim como o contato corporal com o parceiro de dança, o olhar é o que torna essa dança provocante e excitante. O Cacuriá é considerado uma mistura de ritmos entre o samba e a valsa. O ritmo da dança fica por conta das caixeiras, que cantam toadas que falam sobre a natureza, crenças, brincadeiras antigas e os anseios da população.
O ritmo musical também é feito por uma pessoa que introduz ladainhas, que depois são seguidas pelos demais participantes que dançam e respondem o coro no compasso. As toadas são ritmadas ao som das Caixas Divino, que são instrumentos de percussão formados por pequenos tambores
Quadrilha
A quadrilha, também chamada de quadrilha junina, quadrilha caipira ou quadrilha matuta, é um estilo de dança folclórica coletiva muito popular no Brasil.
Essa dança de teor caipira é típica das festas juninas, que geralmente acontecem nos meses de junho e julho em todas as regiões do país.
Por ser uma dança caipira, sua linguagem se aproxima da coloquial e dos meios sertanejos e nordestinos.
A quadrilha teve origem na Inglaterra, no século XIII. Posteriormente, ela foi incorporada e adaptada à cultura francesa e se desenvolvendo nas danças de salão a partir do século XVIII.
Assim, a quadrilha se tornou popular entre os membros da nobreza europeia. Com sua disseminação na Europa, a quadrilha chegou a Portugal.
A partir do século XIX, a dança se popularizou no Brasil mediante influência da corte portuguesa, sendo muito bem recebida pela nobreza no Rio de Janeiro, então sede da Corte.
Embora fosse uma dança dos meios aristocráticos, mais tarde a quadrilha conquistou o povo e adquiriu um significado novo e mais popular.
Dessa maneira, se popularizou nos meios rurais como um festejo para agradecer a colheita e, ainda, homenagear os santos populares, São João, Santo Antônio e São Pedro.
Bumba Meu Boi
O Bumba meu boi, também conhecido como Boi-Bumbá, é uma das mais ricas e antigas manifestações culturais brasileiras. Essa tradição folclórica se espalhou por todo o país, ganhando características únicas em cada região, mas é especialmente forte no Maranhão, Amazonas, Pernambuco e Ceará.
A tradição surgiu provavelmente no século XVIII, durante o período colonial, como uma forma de crítica social. A história do Bumba meu boi mistura influências indígenas, africanas e europeias, e faz uma alegoria à realidade dos escravos nas fazendas de gado e à relação de poder entre senhores e servos.
O enredo central do Bumba meu boi é sobre a morte e a ressurreição de um boi. A história é contada através de danças, músicas e teatro. Os personagens principais são o Boi, a Catirina (ou Catarina), o Francisco (ou Chico), o Amo, o Pai Francisco, entre outros.
A narrativa começa com Catirina, que está grávida e sente o desejo de comer a língua do melhor boi da fazenda. Seu marido, Pai Francisco, por amor à esposa, mata o boi para satisfazer o seu desejo. O problema é que o boi era o favorito do fazendeiro. Ao descobrir o que aconteceu, o Amo manda seus vaqueiros atrás de Francisco, que é punido. A história segue com a busca por uma maneira de trazer o boi de volta à vida. A parte final do enredo varia de região para região, mas em geral, o boi é ressuscitado por meio de rituais ou intervenções mágicas, terminando a apresentação em festa.
É importante notar que o Bumba meu boi não é apenas um entretenimento, mas também uma forma de expressão social e cultural, que mantém vivas as raízes e tradições do povo brasileiro.