Em uma história que parece tirada das páginas de um conto inspirador, o jovem Marcos Sousa, de apenas 16 anos, está prestes a escrever novos capítulos na história da dança clássica brasileira. O talentoso bailarino, oriundo de Grajaú, no Maranhão, acaba de ser admitido na prestigiosa Escola de Balé da Ópera de Paris, tornando-se o segundo brasileiro em duas décadas a ter a honra de aprimorar suas habilidades nessa renomada instituição.
Desde 2003, nenhum brasileiro pisava nas salas onde a história da dança ecoa desde sua fundação por Louis XIV em 1713. Esta é a escola que ajudou a definir o balé clássico como o conhecemos hoje e cujos alunos têm a rara oportunidade de se apresentar na Ópera Garnier, uma joia arquitetônica da França e musa inspiradora de “O Fantasma da Ópera”.
Marcos, filho de uma empregada doméstica e um ajudante de serviços gerais, traz em sua trajetória um enredo de superação e determinação. Desde os seus primeiros passos de dança em quadrilhas juninas até os treinamentos intensivos na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, o jovem sempre alimentou o sonho de dançar entre os melhores.
O preconceito enfrentado na infância não foi suficiente para frear seu ímpeto. Marcos, descoberto pelo professor de balé Timóteo Cortez, encontrou no balé uma paixão capaz de superar as adversidades, inclusive a resistência inicial de sua própria família.
O ponto de virada veio com um simples e-mail. “Foi aí que decidi enviar um e-mail, eles responderam e pediram um vídeo meu fazendo aulas, eu enviei. Depois, eles me chamaram para uma audição em Paris, em maio deste ano, eu fui com tudo e passei”, relata Marcos.
Ao chegar em Paris, sua performance não apenas conquistou os professores mas também lhe garantiu uma bolsa de estudo, abrindo-lhe as portas para três anos de formação no coração da dança clássica mundial.
Já instalado na capital francesa, Marcos tem aulas diárias e alimenta grandes aspirações. “Meu maior desejo agora é conseguir continuar crescendo como bailarino, evoluindo e aprendendo novas técnicas”, diz o jovem. E ele vai além, desejando ser um farol de inspiração: “O balé mudou minha vida, abriu portas que jamais imaginei que seriam possíveis e se puder, quero continuar influenciando tantos outros Marcos que existem por aí, a não desistirem dos seus sonhos”.