Quase três meses após a tragédia que abalou Imperatriz e o Maranhão, foi realizada, nesta segunda-feira (14), a audiência de instrução de Jordélia Pereira Barbosa, de 36 anos, ré por duplo homicídio e tentativa de homicídio qualificado por envenenamento. O caso envolve o envio de um ovo de Páscoa contaminado com chumbinho à residência de Mirian Lira, o que resultou na morte de dois de seus filhos, Evely Fernanda, de 13 anos, e Luiz Fernando, de 7 e deixou a própria Mirian em estado grave.
A audiência ocorreu no Fórum Henrique de La Roque Almeida, em Imperatriz, e reuniu depoimentos cruciais, incluindo o da mãe sobrevivente e do mototaxista que entregou a encomenda, ambos participando de forma virtual. As provas analisadas incluem laudos periciais que confirmam a presença do veneno no chocolate, nos corpos das vítimas e nos objetos apreendidos com a acusada.
A Polícia Civil concluiu que o crime foi premeditado e executado com minúcia. Jordélia saiu de Santa Inês e viajou mais de 380 km até Imperatriz usando disfarces, incluindo perucas e óculos escuros. Ela comprou o ovo de Páscoa em uma loja de chocolates, utilizando nome e crachás falsos, e o enviou à residência das vítimas por motoboy.
Após o crime, foi presa ao descer de um ônibus em sua cidade de origem, com vestígios do chocolate e outros materiais ligados à ação criminosa. Jordélia confessou ter enviado o chocolate, mas negou o envenenamento. Segundo a polícia, a motivação seria vingança pessoal, possivelmente ligada a conflitos familiares. A mãe das crianças, ainda em processo de recuperação, pede por justiça.
A tragédia causou grande comoção em todo o estado, não apenas pelo sofrimento causado à família, mas também pelo grau de frieza e planejamento por trás do crime. O laudo do Instituto de Criminalística confirmou a presença do chumbinho, substância altamente tóxica usada clandestinamente, nos ovos consumidos. As crianças morreram com cinco dias de diferença, e Mirian precisou ser entubada e internada em estado grave.
Os corpos das vítimas foram sepultados em Imperatriz. Jordélia continua presa na Unidade Prisional Feminina de São Luís desde 17 de abril e, agora, a Justiça do Maranhão avança na fase de instrução do processo, reunindo provas e depoimentos que devem embasar a futura sentença. Para os familiares, o momento representa um passo importante para que a responsabilidade pela tragédia seja devidamente reconhecida e punida.