Nessa segunda-feira (23), a audiência de custódia de Wendel Silva Machado, acusado de dois feminicídios, determinou que ele responda pelo crime de forma inicial na cadeia. O mandado de prisão foi cumprido após Wendel ter matado a facadas sua esposa, Joanilde Rodrigues, na cidade de Amarante. A decisão judicial reafirma a gravidade dos crimes de Wendel, que também enfrenta uma acusação de feminicídio relacionada à morte de Carla Tayra Sousa de Oliveira, ocorrida em 2021.
A prisão preventiva de Wendel foi solicitada pelo Ministério Público após ele descumprir medidas cautelares que haviam sido impostas como alternativa à prisão. A audiência confirmou a legalidade da detenção e decidiu manter Wendel preso, revogando as medidas anteriores. Contudo, ele havia respondido o processo em liberdade até junho deste ano, quando a juíza Ana Lucrécia Bezerra Sodré, da 2ª Vara Criminal de Imperatriz, aceitou a denúncia e determinou que ele enfrentará um júri popular por feminicídio qualificado.
No primeiro caso, o corpo de Carla Tayra Sousa de Oliveira foi encontrado com várias perfurações de faca na Avenida Pedro Neiva de Santana. O suspeito foi localizado horas depois em um bar no bairro Bacuri, e a caminhonete que testemunhas haviam visto foi apreendida com vestígios de sangue.
O segundo feminicídio ocorreu na residência do casal no bairro Industrial, em Amarante, na noite de quarta-feira (21). Wendel fugiu após o crime, sendo capturado dias depois no Povoado Piripiri, entre Amarante e Grajaú. Durante a abordagem policial, ele reagiu e acabou sendo baleado no calcanhar. Ele foi transferido por um helicóptero do Centro Tático Aéreo (CTA) até o quartel do 3° BPM e depois levado pelo SAMU ao Hospital Municipal de Imperatriz.. Após receber atendimento médico, Wendel foi encaminhado ao Plantão Central em Imperatriz.
A investigação revelou que Wendel já namorava Joanilde Paulino Guajajara na época do crime contra Carla. Vários casos de agressão foram registrados, e José Guajajara, irmão de Joanilde e cacique da Aldeia Guaruru, relatou que Wendel havia cortado os cabelos de Joanilde com uma faca. O corpo de Joanilde foi encontrado pelo pai dela, com as mãos amarradas e diversas marcas de facadas. Joanilde, técnica de enfermagem e mãe de duas filhas, não eram registradas como filha de Wendel.
O feminicídio de Joanilde gerou grande revolta na região. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, expressou sua profunda tristeza e revolta através das redes sociais, destacando a insegurança enfrentada pelas mulheres até em seus próprios lares.
Após sua prisão, a população de Amarante se reuniu em frente ao hospital onde Wendel foi internado após o tiroteio com a polícia. A manifestação refletiu a indignação da comunidade diante da violência e dos crimes cometidos por Wendel.