A Polícia Civil do Maranhão marcou para a próxima quarta-feira (10) a reconstituição simulada do assassinato da influenciadora digital Adriana Oliveira, de 26 anos, morta a tiros dentro de casa em Santa Luzia, no dia 15 de março. A simulação é considerada fundamental para confrontar as versões apresentadas pelos investigados com as provas reunidas no inquérito, como imagens, depoimentos, laudos e evidências coletadas no local do crime. Embora o inquérito já tenha sido concluído e encaminhado ao Ministério Público, a denúncia contra os três suspeitos ainda não foi apresentada à Justiça.
São apontados pela Polícia Civil como envolvidos no crime: João Batista dos Santos, conhecido como “Bruno Macumbeiro”, suspeito de ser o executor que chegou à residência em uma moto e atirou contra a influenciadora; Valdiley Paixão Campos, marido da vítima; e Antônio Silva Campos, o “Antônio do Zico”, sogro de Adriana. Todos estão indiciados e presos. Um dos elementos mais recentes que reforçaram as suspeitas surgiu após um novo depoimento de Valdiley, que afirmou ter reconhecido João Batista ao cruzar com ele na triagem da penitenciária. Embora o relato confirme a identificação do suposto atirador, a polícia afirma que a fala reforça também os indícios contra o próprio Valdiley, que teria omitido essa informação no início das investigações, mesmo já conhecendo João Batista de situações anteriores.
De acordo com o delegado Allan Santos, responsável pelo caso, Valdiley já havia tido contato com João Batista antes do crime, quando o suspeito esteve na residência do casal para verificar um trator. Apesar disso, o marido da influenciadora não mencionou essa ligação em nenhum momento inicial da apuração. Para a polícia, a omissão faz parte de uma tentativa de dificultar o trabalho investigativo, além de reforçar a possibilidade de participação direta dele no crime. Já em relação ao sogro, Antônio do Zico, o indiciamento ocorreu após a polícia analisar áudios gravados pela própria Adriana dias antes de morrer, nos quais ela relata medo do sogro e cita um episódio em que ele teria ido à casa acompanhado de um homem desconhecido, comportamento que ela interpretou como ameaçador.
A polícia afirma ainda ter identificado depósitos bancários feitos por Antônio do Zico em contas ligadas a João Batista, além de uma conversa telefônica entre os três suspeitos em que eles demonstram receio de possíveis vazamentos, interrompendo a ligação para continuar o diálogo pessoalmente. Segundo o secretário de Segurança Pública, delegado Maurício Martins, essas movimentações financeiras e comportamentais reforçam a hipótese de ligação direta entre os suspeitos e o executor do crime. João Batista, que foi preso em Paraibano, também é investigado por outros dois homicídios com características de pistolagem, ocorridos em Pedreiras.
O comportamento de Valdiley no dia do crime também levantou suspeitas. De acordo com o delegado-geral Manoel Almeida, o marido chamou a Polícia Militar imediatamente após os disparos, em vez de acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para prestar socorro à esposa, atitude que chamou atenção dos policiais. Além disso, uma testemunha relatou ter ouvido vozes altas seguidas de um tiro, e em seguida a voz de uma mulher dizendo: “Mas amor, por que tão fazendo isso comigo?”, antes de outros disparos. Depois, ouviu uma voz masculina repetindo: “Ó meu Deus, ó meu Deus”, o que, segundo a polícia, reforça a suspeita de que havia outras pessoas na casa no momento do assassinato.
Câmeras de segurança próximas ao local registraram um homem em uma motocicleta preta em alta velocidade no horário do crime. As características coincidem com a descrição feita por Valdiley e com a aparência de João Batista, o que contribuiu para sua prisão. A polícia trata o caso como feminicídio e afirma que a motivação, possivelmente ligada a conflitos familiares, ainda está em investigação. A reconstituição deverá esclarecer pontos contraditórios, confirmar a dinâmica dos acontecimentos e auxiliar o Ministério Público no oferecimento das denúncias.
Em nota, a defesa de Valdiley e Antônio do Zico nega qualquer participação no crime e afirma que as acusações são precipitadas. O advogado Irandy Garcia critica o uso de vídeos falsos que circulam nas redes sociais e afirma que aguardará os laudos periciais dos celulares apreendidos, considerados essenciais para esclarecer os fatos. A defesa também nega que o casal vivia uma relação conturbada e assegura que provará a inocência dos acusados.
Adriana Oliveira era bastante conhecida em Santa Luzia e acumulava mais de 29 mil seguidores nas redes sociais, onde compartilhava detalhes de sua rotina e trabalhos. Amigos afirmam que ela era querida na cidade e conhecida pelo bom humor. O crime gerou grande comoção no município e segue mobilizando moradores, familiares e autoridades. A reconstituição marcada para o dia 10 deve ser um dos momentos decisivos da investigação.










