Diego Ribeiro, pai de um menino recém-nascido, usou as redes sociais para denunciar que, após o nascimento, o filho dele foi colocado em um berçário cheio de larvas na Maternidade Carmosina Coutinho, no município de Caxias, distante 368,7 km de São Luís. Segundo ele, o filho precisou ser internado na UTI devido a um quadro de infecção, que pode ter sido ocasionado pelo berçário com larvas.
No vídeo, Diego chega a mostrar o berçário sujo e cheio de larvas onde o filho foi colocado. Ele também relata que a situação insalubre foi percebida pela sua irmã durante uma visita para ficar com o sobrinho recém-nascido. Ainda segundo Diego, após a divulgação da denúncia nas redes sociais, ele foi coagido pela direção da maternidade, que disse que iria processá-lo. Ele apresentou as denúncias ao Ministério Público, que vai acompanhar e apurar o caso.
Mesmo com a grande repercussão nas redes sociais, o município de Caxias não se pronunciou sobre o ocorrido. Nós encaminhamos um pedido de nota à prefeitura da cidade, mas até a tarde desta terça-feira (16), não recebemos retorno. No entanto, alguns sites de notícias regionais divulgaram que após a denúncia, o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, substituiu a direção da maternidade.
Está não é a primeira vez que a Maternidade Carmosina Coutinho é alvo de denúncias graves. Em 2015, uma audiência pública foi realizada na cidade, após várias relatos de negligência e mortes de crianças e de mães. As denúncias davam conta de que teriam sido quase 200 óbitos em menos de um ano.
No ano seguinte, em 2016, O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) e a Ordem dos Advogados no Maranhão (OAB-MA) abriram uma investigação para apurar a morte de um bebê na maternidade. De acordo com os pais do bebê, na época, a família foi informada de que a criança havia nascido morta e só recebeu o corpo já no velório, dentro de um caixão lacrado, com a recomendação de não abri-lo. Desconfiado, o pai do bebê abriu o caixão e viu que o filho estava com a cabeça virada para o fundo do caixão, derramando muito sangue do nariz e com a cabeça e pescoço fraturados.
Já em 2022, o Ministério Público do Maranhão (MPMA) e o Ministério Público Federal ingressaram com uma Ação Civil Pública contra a Prefeitura de Caxias, solicitando a imediata regularização do fornecimento de medicamentos e insumos às unidades de saúde do município, sendo uma delas a Maternidade Carmosina Coutinho.
Na maternidade havia sido identificado a falta de fios cirúrgicos e outros insumos usados em partos normais e cesarianos. Um caso que chegou ao conhecimento do Ministério Público foi o de uma gestante para qual o parto só foi possível porque os fios cirúrgicos foram disponibilizados pelo Hospital Macrorregional de Caxias (unidade estadual). Além disso, foi constatado que a maternidade estava com estoque zerado do medicamento Oxitocina, que age no estímulo das contrações do útero durante e após o parto.