As viagens de trem na Ferrovia Carajás, que conecta os estados do Maranhão e Pará, estão suspensas até sexta-feira (14) devido a um protesto de indígenas da etnia Gavião, da Terra Indígena Mãe Maria, localizada no estado do Pará. A manifestação, que começou no último domingo (10), resultou na interdição da ferrovia, impedindo a circulação tanto do transporte de passageiros quanto do minério de ferro.
Os manifestantes alegam que a mineradora Vale ultrapassou os limites de atuação na área e invadiu cerca de 500 metros que pertencem à Terra Indígena Mãe Maria. Segundo os indígenas, a interdição continuará até que uma solução definitiva seja alcançada entre a comunidade e a empresa. Eles destacam que a área onde a mineradora construiu a ferrovia é essencial para a subsistência das 32 aldeias localizadas na região, e que suas reivindicações existem desde a década de 1980, quando a ferrovia foi construída e a TI foi homologada, em 1986.
A Vale, por sua vez, informou que está cumprindo os acordos estabelecidos com as comunidades, conforme acordado e homologado judicialmente, e que está aberta ao diálogo com os representantes indígenas e o Poder Público. A empresa também disse que aguarda uma desocupação pacífica da linha, em cumprimento às decisões da Justiça Federal de Marabá.
O bloqueio da ferrovia afetou diretamente mais de 4.400 passageiros que tinham viagens programadas, além de impactar a distribuição de combustíveis para a região Norte. A Vale disponibilizou canais de atendimento para remarcação de bilhetes ou reembolso, com um prazo de até 30 dias para que os passageiros solicitem a devolução do valor.
A interdição também tem gerado transtornos, já que as viagens entre os estados do Maranhão e Pará estão suspensas, incluindo a linha que parte da estação do Anjo da Guarda, em São Luís, com destino a Parauapebas. O trem de passageiros da Vale transporta, em média, 1.500 pessoas por viagem.
As autoridades e a mineradora seguem aguardando uma resolução para o impasse, com a esperança de que a situação seja resolvida de forma pacífica, sem mais impactos para os passageiros e para as comunidades afetadas.